Amigos Pelo Mundo: Jordi Castan

O paisagista catalão de nascença e brasileiro por adoção, super gente fina e que já foi assunto nesse blog, viaja o mundo e quando está por aqui em Joinville, nos brinda com suas histórias sempre interessantes. Como essa que ele compartilha com os amigos do site:


Vinho e preconceito
Por Jordi Castan

“Por motivos de trabalho viajo a Lima a cada dois ou três meses, escolhi para ficar um hotel tranqüilo na Rua Dos de Mayo, perto dos meus clientes e bem localizado com dezenas de restaurantes perto.  Depois de uma semana excepcionalmente dura, nada mais apropriado que celebrar o bom resultado saindo para jantar. Nesta ocasião a chefe do projeto em que estou trabalhando também estava em Perú e escolhemos um restaurante pequeno, tranqüilo, a poucos metros do hotel e que tem um cardápio pouco pretensioso, mas de excelente qualidade. Chez Philippe, tem um pão excelente e uns patês caseiros indescritíveis.

Felizes e satisfeitos com o resultado dos trabalhos e reuniões realizadas durante a  semana, decidimos nos presentear com um vinho, Na carta de vinhos, argentinos, chilenos e alguns vinhos peruanos, na duvida optamos por um Malbec argentino, correto, mas nada extraordinário. Quando já tínhamos quase concluído o jantar apareceu um dos nossos sócios peruanos para continuar a conversa, como o vinho estava no fim, nos propusemos a pedir outra garrafa do mesmo Malbec.

Com toda a educação que só um limenho poderia ter, nos propôs experimentar um vinho peruano, a nossa expressão nos traiu, como poderíamos trocar um vinho argentino por um peruano? A troca nos parecia inconcebível. Por cortesia ao nosso amigo e ao pais em que tínhamos passado os últimos quinze dias, aceitamos a proposta.

A sua escolha foi um Seleccion Especial de Viña TACAMA, uma excelente combinação de Tannat e de Petit Verdot. Depois de ter degustado o vinho veio a melhor parte, a Viña Tacama pertence desde 1889 a família Olaechea, E foi o proprietário do vinhedo Pedro Olaechea o presidente hoje da SNI (Sociedade Nacional de Industria) o nosso sócio e contraparte no projeto de cooperação que me leva a Peru e outros países de América Latina com tanta freqüência. Não podia imaginar que era com o vinho dele que estávamos encerrando a nossa semana limenha.

Só vou concluir dizendo que desde aquele dia meu preconceito contra o desconhecido diminuiu e que sou apreciador dos bons vinhos peruanos e os do vale do Ica estão entre os melhores.”